COI investiga ataque a Dalai Lama na chegada da tocha ao Tibete
Por Nick Mulvenney
PEQUIM (Reuters) - O Comitê Olímpico Internacional (COI) investiga um discurso proferido pelo chefe do Partido Comunista do Tibete no fim de semana, quando a tocha olímpica passou pela capital tibetana, e no qual foram desferidos ataques contra o Dalai Lama.
Mas não se sabe exatamente o que o COI, que não deve recorrer à sanção máxima de retirar os Jogos de Pequim, poderia fazer a esse respeito.
A diretora de comunicações do órgão, Giselle Davies, disse que os organizadores dos Jogos (Bocog) haviam sido instados a fornecer detalhes sobre o discurso de Zhang Qingli em Lhasa e que o órgão "lamentaria muito" caso os relatos dos meios de comunicação a respeito do episódio fossem precisos.
Zhang, um membro da linha-dura do partido, fez os comentários em uma cerimônia realizada no sábado para celebrar a conclusão da passagem da tocha olímpica pelas ruas de Lhasa, que foi palco de violentos protestos anti-China em março.
"O céu do Tibete nunca mudará e a bandeira vermelha com as cinco estrelas continuará a tremular para sempre no alto dele. Com certeza, conseguiremos esmagar totalmente os planos separatistas do grupo do Dalai Lama", afirmou Zhang.
O governo chinês responsabiliza o líder espiritual do Tibete, Dalai Lama, hoje exilado, e os seguidores dele pelos distúrbios de 14 de março ocorridos em Lhasa e acusa-os de tentar separar a região da China.
O país costuma atacar o Dalai Lama, mas não em eventos olímpicos. Os chineses criticaram outras pessoas por politizarem os Jogos, e os estatutos do COI vetam qualquer tipo de propaganda ou manifestação política nos "locais ou áreas das Olimpíadas."
O Dalai Lama nega ser o responsável pelos distúrbios e diz que deseja apenas que o Tibete tenha uma maior autonomia e liberdade religiosa. O líder espiritual convocou seus simpatizantes a darem apoio aos Jogos e à passagem da tocha olímpica pela região.O chefe do Partido Comunista de Lhasa, Qin Yizhi, também atacou o Dalai Lama em outra cerimônia realizada na passagem da tocha por Lhasa, no sábado, afirmando que seu governo "esmagaria os planos do grupo do Dalai Lama."
A disputa em torno do Tibete lançou uma sombra sobre o périplo da tocha, algo em que a China apostava para projetar a imagem de um país moderno e vibrante antes dos Jogos.
Mas os distúrbios de março transformaram-se em um foco de protestos anti e pró-China em cidades nas quais a tocha esteve, como Londres, Paris e San Francisco. O cenário deixou o COI preocupado.
Na quarta-feira, o governo chinês disse que o périplo internacional da tocha paraolímpica havia sido cancelado e citou como motivo o violento terremoto de 12 de maio, em Sichuan.
A tocha deveria passar por Londres, Vancouver, Sochi e Hong Kong antes das Paraolimpíadas, previstas para ocorrer entre os dias 6 e 17 de setembro.
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